Caso Cardinal

Artur Soares Dias, Jorge Sousa, Rui Silva e Vasco Santos foram as testemunhas ouvidas na manhã desta quarta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa, em mais uma sessão do denominado Caso Cardinal, que tem como figura central Paulo Pereira Cristóvão.

No processo, 32 figuras ligadas à arbitragem e representadas por advogado da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), pedem uma indemnização cível, por danos morais ao antigo vice-presidente do Sporting, alegando que este mandou elaborar uma lista com os seus dados pessoais.

Uma vez mais, os depoimentos não variaram muitos uns dos outros, destacando-se o de Soares Dias por revelar uma altercação com Pereira Cristóvão em Alvalade, também num encontro que envolveu o Marítimo - o Caso Cardinal é enquadrado por uma partida entre os dois clubes, mas referente à Taça de Portugal.

"Nunca tive tratamento diferenciado em Alvalade, nem recebi prendas, mas uma vez lembro-me que Pereira Cristóvão estava na zona do túnel e pedi à polícia que o identificasse, porque não o conhecia. Ele quis fazer notar a sua presença e identificou-se como elemento da Polícia Judiciária, dizendo 'o senhor sabe quem eu sou, eu sou da PJ'. Respondi-lhe que não sabia, nem queria saber e considerei-o expulso", contou o árbitro portuense, que, sobre o Caso Cardinal em concreto, revelou:

"Senti que a minha família poderia estar em risco de, em algum momento, alguns elementos que gostam de desporto terem um comportamento incorreto. Uma das medidas que tomei foi instalar câmaras de vigilância em casa."

Por seu turno, Jorge Sousa confessou que ficou "perplexo, preocupado e transtornado", e adiantou que, no seio dos árbitros, "o sentimento era de revolta, nojo", em relação a algo "deplorável, lamentável e repugnante."

"Senti-me em perigo por saber que havia alguém que sabia onde morava. Tenho uma filha e era complicado ter alguém à porta. Fiquei preocupado com o que podia acontecer. Não quero ter ninguém à minha espera à porta para me agredir", confessou Rui Silva.

Já Vasco Santos acrescentou mais um pormenor: "Em Alvalade foi-me oferecida camisola com o meu nome e idade e também uma mascote do Sporting. Foi Luís Duque [administrador da SAD do Sporting na altura] que me fez a oferta, dizendo quer era uma atenção para com os árbitros."

"Fiquei estupefacto por saber que havia dados que nos punham em perigo. Tive receio e mudei as minhas rotinas e as da minha família. Na rua desconfiava de toda a gente e evitava andar com a minha filha de três anos na rua", reforçou.

Recorde-se que, por iniciativa da APAF, um grupo de 33 árbitros exigem uma indemnização de mil euros cada um a Pereira Cristóvão por danos morais.
FONTE: Record

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