Preparador Físico Português no Europeu


A UEFA nomeou, pela primeira vez em fases finais de Campeonatos da Europa de futsal, um preparador físico para acompanhar em permanência os árbitros da competição, desde a preparação dos jogos até ao aquecimento das equipas de arbitragem nos minutos que antecedem cada encontro. E a escolha recaiu sobre um português.

João Dias, 44 anos, é o responsável da UEFA pela metodologia de treino dos árbitros do EURO 2014 de futsal. Uma tarefa que já conhece bem, ou não a cumprisse, também, em Portugal. Na qualidade de coordenador nacional do gabinete técnico da Federação Portuguesa de Futebol, cabe a este responsável a elaboração da planificação semanal do treino dos árbitros de futebol, num trabalho conjunto com os técnicos de arbitragem da FPF.

Em Antuérpia, João Dias viveu a experiência com enorme intensidade. “É um dia-a-dia muito atarefado, até porque sou o único preparador físico que está envolvido neste processo, que é complexo”, começou por confessar ao fpf.pt.

“Tenho todos os dias quatro grupos diferenciados de árbitros para trabalhar, consoante as nomeações, que me são transmitidas com dois dias de antecedência: os que estão em dia de jogo, que fazem um trabalho mais de ativação, de teste do sistema de auriculares e dos cardiofrequecímetros (polares); os que apitaram na véspera, que fazem um treino de recuperação ativa e de prevenção de lesões; depois, temos os árbitros que estão a dois dias do seu jogo e que treinam, acima de tudo, a velocidade/resistência e a tomadas de decisão; e, finalmente, os juízes que estão em véspera de jogo, onde se privilegia a velocidade, a agilidade e a coordenação, com tomadas de decisão”, explicou.

De acordo com o responsável português, são muitas horas de trabalho contínuo, desgastante, mas que lhe dão um enorme gozo. “É um dia longo que começa às sete da manhã e que nunca termina antes da 1h30 da madrugada. Faço a preparação de tudo o que diz respeito ao treino no terreno de jogo, para que quando os árbitros cheguem ao pavilhão já esteja tudo preparado. Depois, há a reunião de avaliação do dia anterior, na qual são apresentados os resultados dos cardiofrequecímetros, que permitem analisar o desempenho dos juízes ao nível da frequência cardíaca, em conjugação com a vertente técnica, avaliando-se como reagiram em termos emocionais e físicos durante as partidas. Segue-se a deslocação para o pavilhão de jogo e a orientação do aquecimento das duas equipas de arbitragem que apitam os encontros. O dia só termina com a análise dos cardiofrequecímetros dos jogos dessa noite e com a preparação do dia seguinte”, concretizou.

Trata-se de uma autêntica prova de resistência, mas que tem tido um “feedback” muito positivo por parte dos 16 juízes que estão no Europeu e da própria estrutura da UEFA.

Para João Dias – que já trabalha com o organismo máximo do futebol europeu desde 2004 – a sua presença na Bélgica “reflete o trabalho de qualidade que é feito em Portugal”. “Aquilo que tem sido desenvolvido ao nível da organização, com os preparadores físicos e os técnicos de arbitragem a trabalharem em simultâneo nos centros de treino da Federação, é algo de único no Mundo. O processo de organização e de trabalho em Portugal já é referência ao nível da metodologia de treino e isso reflete-se na minha presença em Antuérpia”, sublinhou.

João Dias – que é um dos cinco preparadores físicos europeus que trabalha frequentemente nos cursos e eventos da UEFA – mostra-se orgulhoso por poder representar o nosso País, a arbitragem portuguesa e a UEFA em mais uma grande competição. “Poder dar um contributo na mudança dos processos de treino, dirigindo-o mais para a integração da tomada de decisão no trabalho físico e mental é algo que me preenche profissionalmente. O treino integrado é o novo caminho, até porque não faz sentido fazer trabalho físico sem incluir a tomada de decisão”, observou.

Apesar de estar mais ligado ao futebol, o responsável pela metodologia de treino dos árbitros do EURO 2014 não vê grandes disparidades em relação ao futsal. “As diferenças não são assim tantas, se compararmos o árbitro de futsal com o árbitro assistente. Esta experiência na maior competição europeia de futsal teve uma fácil adaptação”, rematou.

FONTE: FPF

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