Erros na Arbitragem


Após o final do jogo Beira-Mar vs Sporting, praticamente toda a comunicação social falou da “excelente arbitragem” do árbitro da Distrital de Aveiro, Fernando Martins, realçando que tinha sido uma arbitragem sem erros.
É claro que cada um de nós, seja naquilo que for, só vê aquilo que ver. Se é verdade que não existiram lances de difícil ajuizamento, também é verdade que os jogadores de ambas as equipas entraram para este jogo com uma atitude diferente de um jogo dito normal. Entraram quase que, como em ritmo de passeio, abordando o jogo como se de um treino se tratasse, parecendo que existia entre eles (jogadores), um pacto de não agressão, e que o principal objectivo era chegar ao final dos 90 minutos rapidamente.
Esta forma de encarar o jogo, por partes das equipas facilitou sobremaneira a equipa de arbitragem, que não teve grande dificuldade para ir acompanhando o jogo (treino).
No entanto, muitos meios de comunicação escreveram e falaram da boa forma física do árbitro e do acompanhamento que fez de perto dos lances. Ora bem, para quem percebe minimamente de colocação e acompanhamento de lances, facilmente se apercebe que diagonal não é o mesmo que correr em paralelo à linha lateral. Acompanhar os lances de perto? Parece me que só aconteceu naqueles que decorreram no meio campo.
Não quero com isto que escrevo dizer que foi uma má arbitragem. A coragem que este homem teve de aceitar este desafio, certamente poucos de nós a teria. Ele teve-a e conseguiu levar o jogo até ao fim, gerindo-a à sua maneira, no entanto, a actuação não foi assim tão boa, como alguns meios de comunicação e dirigentes de clubes, querem fazer passar.
Ora então veja-se: no final do Sporting vs Olhanense, reclama-se de um fora de jogo mal assinalado a Hélder Postiga e de uma mão na bola, de um defesa do Olhanense, dentro da sua área. No jogo com o Beira-Mar existem pelo menos, 5 situações de fora mal assinalados a jogadores do Sporting. Por sorte, nenhuma destas jogadas acabou com a bola dentro da baliza. Caso contrário este senhor Fernando Martins teria um grande problema para resolver.
Não quero com isto dizer que a arbitragem do Carlos Xistra foi uma boa arbitragem e do Fernando Martins uma má arbitragem. É apenas um facto comparativo de duas arbitragens e de duas reacções, ou falta delas, por parte dos mesmos dirigentes, pois tal como já disse aqui, cada um só vê aquilo que quer ver.
Não é pelo facto de existirem, mais ou menos criticas aos árbitros, não é pelo facto de os árbitros se recusarem a dirigir jogos do Sporting, não é pelo facto de se demitir o presidente do C. Arbitragem que os erros vão desaparecer. Os humanos erram. E os árbitros, embora se possa pensar que não, também são humano, e como tal estão sujeitos a errar.
Nenhum árbitro, pelo menos daqueles que eu conheço, fica satisfeito quando percebe que errou. Mas só percebe que errou quando tem tempo para meditar no lance. No campo por vezes tem-se uma visão e depois já sem o stress do jogo percebe-se que afinal era diferente.
Mas, se os árbitros erram também os jogadores, treinadores e dirigentes erram. Volto ao Beira-Mar vs Sporting. Ainda na 1ª parte, o treinador do Sporting fez duas substituições, possivelmente sinal de que errou no escalonamento da sua equipa para aquele jogo. Nesse mesmo jogo vê-se um jogador do Sporting a falhar um golo de baliza aberta. Algum dirigente do Sporting comentou/criticou publicamente esses erros? Ninguém. E porquê? Porque é mais fácil criticar sempre os mesmos. É mais fácil criticar os erros dos outros sem olhar para nós mesmos.
Não serve isto para desculpabilizar qualquer falha que um árbitro tenha durante jogo. Serve essencialmente para dizer que todos erramos e como tal não é a criticar o trabalho dos outros que conseguimos ter sucesso. Para o ter é preciso trabalhar e lutar e por ele.
É claro que para clubes como Porto, Benfica e Sporting, tendo em conta os investimentos que fazem no inicio de cada época, é imperioso que se consigam bons resultados e vitórias. Quando elas não acontecem, seja porque motivo for, os dirigentes sentem necessidade de descarregar em alguém. Como não podem, ou não devem, criticar os jogadores voltam-se para as arbitragens. É certo que às vezes com alguma razão, mas muitas vezes sem ela.
Desejo que até final do campeonato o nível exibicional de árbitros, jogadores, treinadores e dirigentes continue a melhorar, e que no final da época ninguém desculpe os resultados menos bons, com possíveis erros de outros.

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Pressão na arbitragem

A época futebolística ainda agora começou. Apenas se realizou um jornada e já os dirigentes dos clubes estão a tentar pressionar os árbitros. Não é lançando criticas duras sobre a actuação dos árbitros que se consegue melhorar o seu desempenho dentro de campo. Não creio que qualquer erro cometido por um qualquer árbitro seja cometido propositadamente. O árbitro tem que decidir num segundo. E se, os árbitros começassem a criticar os avançados que falham golos com a baliza escancarada? E se criticassem os defesas que tem falhas como aquela que deu origem à grande penalidade a favor do Gil Vicente contra o Porto? E se criticassem os guarda redes por sofrerem aqueles "frangos", que qualquer um de nós era capaz de defender. E se criticassem os dirigentes por aqueles jogadores que contratam por milhões de euros e depois se revelam autênticos fiascos desportivos?
Mas a critica do trabalho dos outros elementos do futebol, não faz parte da cultura dos árbitros.
Nenhum árbitro (pelos menos dos que conheço), se sente bem quando no final de um jogo tem a percepção que errou em algum lance.
Se no espaço de tempo entre as nomeações e os jogos de futebol, os dirigentes não tivessem esta atitude de criticar nomeações, baseadas em actuações antigas, talvez os árbitros não sentissem tanta pressão ao entrar em campo.
Todos nós sabemos que é mais fácil trabalhar sem pressão, que sob pressão. A provar isto basta ver quando os jogadores têm a pressão de ter que ganhar um jogo. Acabam por cometer erros que em circunstâncias normais não cometeriam.
Faço um apelo para que os dirigentes de clubes evitem este tipo de situações.

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